Diante da grandeza do espaço
Qual a distância de um abraço?
Pode fazer diferença um passo
Ou o outro lado do planeta?
Ah, mas a Terra não tem lado,
Ficou só em um livro sagrado
A ilusão de um plano achatado
Prende-nos sem dó esta rocha
Coberta de um azul que debocha
Da pequenez que desabrocha
Em quem vê o mar das estrelas
De lá, esse mausoléu do brilho
Ilumina o caminho que trilho
E meu norte em cada bívio
Pois a supernova põe à prova
A energia dentro de nós
E toda aquela luz feroz
Às vezes ainda é distante
Ou distante o bastante
Para passar despercebida
E aqui por puro despesero
ao calor de uma estrela
criamos um piso de gelo
traiçoeiro e opaco
maior que os anos-luz
que medem o vácuo
tememos a dor
que vem do coração
e a liberdade proíbe
qualquer dedicação
até que de repente
jaz esperança em pedir
a uma estrela cadente
pela vida que só vem
para se despedir