Pois então o vento navegou
através do céu encoberto
por onde viu um choro incerto
de uma chuva que se naufragou
só por precisar muito cair
Agora nem sabe aonde ir
não tem mais seu egoísmo
nem o da chuva a lhe guiar;
para para ponderar
e por pouco despenca ao abismo
no qual já esteve tantas vezes.
A solidão ainda assusta
por mais que se a conheça bem
e o vento ali se pergunta
quanto é que custa
querer fazer bem
às vezes nada é muito claro
e para quem não olha direito
fica parecendo desamparo
mas é sim um grave defeito
de olhar em volta e não ver
nada além de uma história
em que se é um protagonista
sem esperança de glória
e que sobrevive às custas
das mais amargas desculpas
aos outros personagens
o vento não goza deste privilégio
ele olha em volta e não há imagens
quando vê por onde já passou
não há sequer um registro etéreo
dos lugares em que voou
tantos reclamam e a verdade sossega
fica no ar a mentira
enquanto o egoísmo cega
e a nuvem de chuva seca
junto das lágrimas;
as desculpas são insuficientes
a dor aflige, avança e atira
acerta um peito que se parte
e na parte seguinte há doentes
que aguardam carinho e consideração
obras primas de quem as deu
mas que o egoísmo prendeu
antes de deixarem sua mão